Entrevista exclusiva: Tiago P. Zanetic, editor das HQs de Star Wars

Senhoras e senhores, estamos muito felizes em trazer para vocês essa entrevista com o Tiago P. Zanetic, que desde o final do ano passado assumiu a edição das histórias em quadrinhos de Star Wars no Brasil, pela Panini. Com a palavra, Tiago!

CJSP: Em primeiro lugar, conta para os nossos leitores quem é o Tiago. Quando começou o gosto por quadrinhos, seus trabalhos autorais…

Tiago: Bem, a leitura faz parte da minha vida desde quando me dou por gente. Comecei a colecionar quadrinhos conscientemente aos 10 anos, ou seja, 24 anos atrás. Logo me tornei um leitor voraz. Foi meio que natural que eu quisesse me tornar roteirista de quadrinhos, (e escritor, pois a literatura também tem um papel muito importante na minha formação).

Tenho um livro lançado até agora: Onze Reis – Principia (editora Callis), que é a primeira parte de uma trilogia de fantasia medieval. Nos quadrinhos, eu já tenho por volta de 10 publicações, dentre elas Gibi Quântico (independente) e Rei Amarelo em Quadrinhos (editora Draco), ambas agraciadas com o Prêmio HQ Mix. E os projetos não param…

CJSP: Você sempre foi fã de Star Wars? Como é para você trabalhar com uma saga que domina o inconsciente coletivo de maneira tão abrangente e passional?

Tiago: Star Wars parece fazer parte do meu DNA. Eu tenho memórias muito antigas de assistir aos filmes da franquia, por volta dos 5/6 anos de idade. Eu adorava! Sempre fui fã de cinema, desde muito cedo, e Star Wars foi uma paixão arrebatadora para mim.

O dia em que soube que trabalharia com a hq de Star Wars, parece que eu não registrei de início a informação. Foi muito tempo depois, em minha casa, que eu respirei fundo e soltei um belo de um palavrão. Foi uma sensação indescritível! Eu, Tiago, tomando conta de um pedaço da maior saga de todos os tempos! Foi um sonho, que nunca pensei que tivesse, sendo realizado! Claro, eu tenho muito respeito pela obra toda, pelos criadores e pelos fãs (até porque sou um! Tenho até tatuagens imortalizando essa paixão na minha pele), então procuro fazer o melhor trabalho possível, para que os fãs recebam sempre o que merecem desta galáxia tão, tão distante…

CJSP: Como é o processo de tradução para as HQs de Star Wars? Vocês têm um banco de dados com alguns termos que tem que ser traduzidos sempre da mesma forma, um parâmetro para seguir? Nas traduções existem (ou podem existir) “licenças poéticas” com assuntos que não sejam de conhecimento do grande público, para explicar melhor algum conceito, por exemplo?

Tiago: A tradução (que fica sempre por conta da talentosa Thais Aux) é feita com muito cuidado. Temos glossários com termos que precisam ser traduzidos de uma certa forma, para que nada se perca na tradução, ou que precisam ser mantidos, porque assim sempre o foi. É preciso ficar atento para que os quadrinhos estejam sempre alinhados aos filmes, a ‘Star Wars – Rebels’ e aos livros. Afinal, seja o que for, tudo está no mesmo universo.

Licenças poéticas existem muitas vezes em termos “intraduzíveis”, uso aspas, pois podem ter tradução, mas podem soar estranhos em português, como bem sabemos que é tradição de Star Wars (Conde Dooku / Conde Dookan é um exemplo clássico).

CJSP: Sabemos que o formato de publicação nos EUA é diferente do brasileiro, em termos de títulos e periodicidade. Como funciona o critério de seleção para o que vai ser publicado por aqui?

Tiago: Nos EUA, a Marvel publica quatro edições mensais em paralelo: Star Wars, Poe Dameron, Doutora Aphra e Darth Vader. Aqui nós optamos por lançar três dessas revistas em uma, o que torna a experiência bastante interessante por conta desse mix.

Em termos de seleção, nós buscamos manter a cronologia intacta. Publicamos tudo obedecendo sempre que possível a ordem de publicação, para que os leitores não percam nenhum acontecimento e esteja sempre alinhado ao cânone. As histórias de Star Wars e Doutora Aphra correm em paralelo, logo devemos ficar muito espertos para os acontecimentos que podem se cruzar, já Poe Dameron está em uma cronologia mais avançada e tem um impacto menor na linha geral, o que é bom, pois todo mês a ordem que devemos manter é um quebra-cabeças e tanto. rs

CJSP: Na sua percepção, mudou a forma como são tratadas as franquias após a aquisição da Marvel e da Lucasfilm pela Disney? Ficou mais fácil ou mais difícil conseguir números e lançamentos, ou mesmo fazer parte do circuito de lançamentos mundiais de quadrinhos?

Tiago: Creio que nesse quesito as mudanças foram positivas. Como a própria Marvel trabalha com as publicações, o modo como trabalhamos os direitos das publicações permanece o mesmo que do universo dos super-heróis. Então não houve uma grande mudança, e sim, uma leve facilitada, por assim dizer.

CJSP: Para a Panini, o Brasil hoje já é um mercado com volume significativo, pra ser considerado entre os maiores consumidores entre os países em que atua?

Tiago: Com certeza! Sempre houve muita paixão pelos quadrinhos no Brasil, e, claramente essa paixão só cresce, e isso mostra a força e o potencial que temos para investir em novas publicações.

CJSP: De todo o material de Star Wars com que você vem trabalhando, qual (ou quais) o seu(s) preferido(s)?

Disparado a minha favorita é a Doutora Aphra! Não me entenda errado, Star Wars tem mantido a saga em um nível altíssimo de qualidade, cada vez mais aprofundando a mitologia dos personagens que tanto amamos, aumentando muito o que sabemos deles. Poe Dameron, além de um baita personagem, conta com um dos mais interessantes vilões de toda franquia: Terex, que além de implacável, conta com uma origem incrível e tem um perfil psicológico bastante complexo. Porém, a Doutora trapaceira roubou meu coração! É até difícil controlar a empolgação ao editar uma história dela, pois eu me divirto horrores! Ela é complexa, forte e, melhor de tudo, uma pilantra! Como se precisasse de alguma qualidade adicional, suas histórias contam com um dos melhores casts de personagens coadjuvantes: dois droides homicidas, um wookiee mercenário e seu pai, que é um fanático religioso hilário. Não dá para pedir mais! Meu sonho ainda é vê-la nas telas em seu próprio filme. Quem sabe um dia…

CJSP: Para finalizar, com o fim da publicação da Revista Darth Vader no Brasil, há perspectiva de alguma publicação substituí-la? Dá para adiantar um pouquinho do que vem por aí nos materiais de Star Wars?

Tiago: Nós tínhamos duas revistas mensais mesmo, Star Wars e Darth Vader, porém a revista do Lorde Sith foi descontinuada nos EUA também. Publicamos todas as edições. Só que agora a Marvel o trouxe de volta, e estamos estudando o formato em que lançaremos suas histórias. Mas os fãs podem ficar tranquilos, não deixaríamos o bom e velho Anakin de fora, não é mesmo? Novidades serão anunciadas em breve…

Mais novidades? Claro que temos! Acabamos de lançar uma mini-série em duas partes da Capitã Phasma, que se passa entre os acontecimentos de O Despertar da Força e Os Últimos Jedi, que devo dizer, está imperdível!

E mais uma de bônus para os fãs: não percam as edições mensais, pois em abril temos um saga que junta as histórias de Star Wars e Doutora Aphra em um crossover diferente de tudo que vocês já viram na franquia. Imperdível!

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Curtiram a entrevista? Então não deixem de acompanhar o material de quadrinhos de Star Wars todos os meses nas bancas e livrarias. Para saber o que mais o Tiago P. Zanetic anda aprontando, é só segui-lo no Twitter e no Instagram. Procurem por @TPZanetic.

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